Covid-19: Vivemos Uma Situação Sem Precedentes?

Outro dia, assisti a uma entrevista sobre o mundo pós pandemia (Covid-19), com o historiador Leandro Karnal, de quem sou muito fã.

Me dei conta de que a crise do corona-vírus é apenas uma repetição das muitas tragédias (epidemias, guerras e revoluções) já ocorridas na história, e de que as tragédias aceleram modificações importantes na sociedade e, portanto, não podem ser rotuladas como boas ou ruins, apenas como fatos.

Dei-me conta também de que o historiador, assim como o facilitador de Constelação Sistêmica (Constelador), usa a abordagem sistêmica para avaliar e entender os processos históricos presentes e visualizar caminhos e tendências vindouras.

E de que ambos se isentam de julgamentos e rótulos para que possam fazer a leitura dos fatos sem interpretação ou interferência.

Com isso, eu que sou consteladora e que nunca gostei de história, passei a ter um olhar mais ameno sobre a matéria que tanto repudiava.



Talvez por uma questão de ego, pois percebi que história e constelação são muito similares.

A história nos apresenta uma visão sistêmica da humanidade e a constelação nos apresenta uma visão sistêmica da “alma familiar”, ao que esta alma está vinculada e o que – ou a quem – ela honra.

Será que posso me considerar uma historiadora da alma?

“Pretensão e água benta cada um tem quanto quer”, já dizia o ditado…

Pretensões à parte, outro ponto interessante da tal entrevista, foi a resposta de Karnal à pergunta da jornalista Thaís Herédia.

A questão era sobre a possível conexão da aceleração mencionada por ele, com a citação de Yuval Harari no livro “As 21 questões para o século 21” de que a automatização transformaria milhares de pessoas em seres irrelevantes, ou seja, a aceleração que é constatada após as tragédias poderia aumentar o número de “trabalhadores irrelevantes” ou excedentes no mercado de trabalho.

Leandro, então, faz um paralelo entre as exigências futuras do mercado e o papel possível para o número expressivo de analfabetos funcionais no Brasil (mais de 50%) pós pandemia.

Mencionou então, a necessidade de se criar uma estratégia de investimento nessa população para garantir existência e a estabilidade do capitalismo brasileiro, isto é, a manutenção do sistema capitalista está diretamente ligada ao investimento nos excluídos (palavra utilizada por Karnal para definir este percentual da população).


constelação familiar

Chamou-me a atenção não somente o uso da palavra excluídos (que é a mesma usada na Constelação) como também a “solução” para o fato: investir neles, incluí-los, assim como fazemos na Constelação.

Resumindo: tanto a estabilidade da economia do Brasil quanto a estabilidade e estruturação da família, dependem diretamente da inclusão dos “irrelevantes” ou excluídos.

Não é demais?

A Constelação Familiar, que defino como uma vivência que leva o indivíduo a se aproximar e entender suas raízes e os movimentos de sua alma, não tem como objetivo solucionar as questões do cliente.

Pretende apenas possibilitar o entendimento através da visão do sistema e, com isso, permitir que o cliente se liberte do “esquema do bando”, se assim desejar.

Entretanto, a sensação de leveza e poder obtidos com a libertação, faz com que usemos erroneamente o termo “solução” para definir a libertação conquistada.

Bem, que seja esse o termo, então.

A abordagem sistêmica me possibilitou o entendimento de muita coisa, ampliou minha compreensão sobre relações familiares de forma espetacular e, por isso, vem me encantando há anos.

Assim, resolvi escrever um pouco sobre o que nós consteladores chamamos de sistema (grupo de indivíduos interrelacionados e com objetivo em comum), seus padrões e repetições, e tudo o que podemos aprender quando olhamos para o grupo como um todo.

Ou seja: quando olhamos para o grupo ao invés de olharmos para o indivíduo, quando olhamos para a história ao invés de olharmos para o fato, enfim, quando usamos a abordagem sistêmica.


Aromaterapia

Começo transcrevendo um trecho de uma publicação de Bert Hellinger, o pai da constelação, porque acho que este pequeno parágrafo ilustra claramente o funcionamento de um sistema (grupo) e o quanto somos ligados a ele, sem que nos demos conta disso:

“Uma ave quando voa pode se voltar para qualquer direção, mas o que vemos é o bando conduzir-se como um todo. Cada ave submete-se ao esquema geral do bando e, graças a essa submissão, continua a participar do grupo.”

Bert Hellinger

Assim sendo, na Constelação, para achar uma solução para o cliente, o terapeuta olha para além do indivíduo.

Olha para muito além dele e de sua família, para um campo de forças e para a alma que os abarca.

É evidente que o cliente e sua família estão integrados em um campo de força maior e são usados e tomados em seu serviço.

A atitude que nos dá a solução é observar; sem análise, avaliação, julgamento ou intenções pré-estabelecidas.

Apenas abrir a mente e o olhar para algo maior, para ligações ou conexões além das óbvias, para o amor que une o grupo e faz os indivíduos se sacrificarem por ele.

Este caminho nos é dado pela manifestação do inconsciente do indivíduo na colocação da Constelação e pela observação da reação dos participantes do grupo e, por isso, chamado de caminho da solução.


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